Santa Maria (Cabo Verde) - Representantes de Fortaleza, no Brasil, e Ferreira do Alentejo, em Portugal, juntaram-se aos municípios de Fogo e Sal, em Cabo Verde, estiveram reunidos na cidade de Santa Maria, na Ilha do Sal, para lançar uma rede de negócios de turismo.

Durante o encontro  "Ceará – Cabo Verde – Alentejo: Eixo Atlântico", autarcas dos quatro municípios discutiram a possibilidade de gerar tráfego de pessoas e mercadorias entre os três territórios, através do reforço de cooperação institucional e empresarial.

Com este encontro,  que teve lugar num dos hotéis da cidade turística, pretendem impulsionar o desenvolvimento do turismo e a troca de produtos nesta região, fortalecer as relações de amizade existentes, com benefício para os sectores de agro-negócio e do turismo, particularmente, e  viabilizar o Aeroporto de Beja (Portugal), "estrategicamente" localizado no Alentejo, através da sensibilização de mais companhias - além da TAP e TACV -, no sentido de privilegiarem relações comerciais, transportando turistas nessa rota.

O presidente da Câmara Municipal do Sal, Jorge Figueiredo, espera que esta aliança possa traduzir palavras em obras, e através de um circuito que seja mais barato, alimentar o mercado local com produtos em quantidade e qualidade, de forma a satisfazer o turismo, mas melhorando também as condições de acesso desses alimentos à população.

"Cabo Verde está no centro dos três grandes continentes, e temos vindo a perder muitas oportunidades, e esta perspectiva representa a possibilidade de concretizarmos uma boa oportunidade de negócio", sustentou.

Para o autarca foguense Luís Pires, trata-se de uma aliança "histórica e estratégica" para o desenvolvimento neste triângulo Europa/América do Sul/África, através de Cabo Verde.

O autarca referiu que ficou, entretanto, evidente, que o problema de transportes poderá condicionar o curso desta aliança.

"Mas, é seguro que os quatro municípios juntos vão procurar intensificar o diálogo com os governos, companhias, empresários, fazendo com que essa circulação possa acelerar, e possamos, efectivamente, nesse triângulo, fazer sucesso no sector do turismo", almejou o edil da ilha do Fogo.

Aníbal Costa, presidente da Câmara Municipal de Ferreira do Alentejo, considerando as potencialidades da sua região, manifestou o interesse em apoiar a ilha do Sal, através de abastecimento regular, por exemplo, de produtos agrícolas e agro-industriais, tendo sublinhando a necessidade de conjugar esta componente, também, com uma vertente de turismo, "interesse de todos".

Por sua vez, Renato Borges, coordenador-geral do PRODETUR, Secretaria de Turismo de Fortaleza, realçou que uma das políticas públicas de Fortaleza é não se fechar nas paredes do Brasil, mas ampliar o relacionamento entre Fortaleza e demais países, desde que seja feita de forma "ordeira, coerente" e, sobretudo, com resultados.

"Não mediremos esforços para fazer as coisas acontecer através das medidas públicas aqui colocadas, visando a promoção de cada cidade que desperta o interesse no investimento. Essa aliança é indispensável no sentido de gerar mais negócios", enfatizou.

Praia - O número de hóspedes e de dormidas nos estabelecimentos hoteleiros em Cabo Verde evoluiu positivamente, no primeiro trimestre de 2015, tendo registado 0,1% e 3,1% face ao mesmo período de 2014, informa o Instituto Nacional de Estatística (INE).

Segundo as estatísticas do turismo relativamente a "Movimentação de Hóspedes", os estabelecimentos hoteleiros acolheram 162.604 hóspedes, uma variação positiva de 0,1 por cento (%) face período homólogo do ano anterior. Isto correspondendo em termos absolutos mais 136 turistas do que em igual período do ano transacto.

As dormidas atingiram 1.013.364 no mesmo período, traduzindo-se numa variação positiva de 3,1%, em relação ao primeiro trimestre de 2014, ou seja, houve um aumento de 30.738 dormidas.

No trimestre em análise, conforme as informações do INE, o principal mercado emissor de turistas foi o Reino Unido com 20,0% do total das entradas.

A seguir vêm, Países Baixos (Holanda), Alemanha e França responsáveis por, 14,0%, 13,7%, e 12,0% respectivamente, do total das entradas. Quanto às dormidas, o Reino Unido continua a liderar com 20,2% do total, seguido de, Alemanha, Países Baixos e França com, 15,5%, 15,3%, e 9,5%, respectivamente.

A Ilha do Sal teve maior acolhimento, com 47,5% do total das entradas, seguido da Boa Vista, com 28,0% e Santiago com 11,8%. As dormidas registraram na ilha do Sal uma taxa de 52,8%, Boa Vista 37,8% e em Santiago 3,8%.

Durante o primeiro trimestre de 2015, em média, a taxa de ocupação-cama, a nível geral, foi de 54%. A Ilha da Boa Vista teve a maior taxa de ocupação – cama (76%). Seguem-se as Ilhas do Sal com 57% e São Vicente com 29%.

Os hotéis foram os estabelecimentos hoteleiros com maior taxa de ocupação-cama, com 63%, seguido das pousadas com 25%, os aldeamentos turísticos com 22% e as residenciais com 18%.

Praia - A Agência de Aviação Civil (AAC) de Cabo Verde vai penalizar a transportadora aérea cabo-verdiana (TACV) com a aplicação de multas e uma eventual suspensão da licença por não ter acatado "a ordem de suspender o aumento tarifário".

Em conferência de imprensa, sexta-feira última, o administrador da AAC para área de Regulação Económica, Otávio Oliveira, anunciou que a sua entidade tinha dado prazo à TACV até à última quarta-feira para suspender novos preços, mas que, até ao momento, ainda não tinha acatado a ordem. Por isso, adiantou, a TACV "certamente" será coimada em valores que oscilam entre 300 mil escudos a três milhões de escudos cabo-verdianos (ou seja entre 2.700 euros a 27.000 euros).

"Iremos fazer uso de todos os instrumentos legais que temos à nossa disposição para que a TACV cumpra com as determinações da Agência de Aviação Civil", ameaçou o responsável, reafirmando que, se ela não acatar a ordem, a sua licença poderá ser suspensa.

Octávio Oliveira declarou que a decisão de alterar os preços das passagens aéreas nos voos domésticos foi unilateral e que comporta um "agravamento dos preços e não uma simples reestruturação como disse a TACV".

Segundo ele, a atitude da transportadora aérea vem quebrar uma relação de parceria que existia há já muitos anos, pois sempre enviou as tarifas para a AAC a fim de serem aprovadas.

Há em Cabo Verde uma lei da concorrência que se enquadra no artigo 4º e considera como abuso de dependência económica o fato da TACV, como única operadora no mercado, querer pressionar os consumidores para viajarem com ele "nas tarifas que entende", frisou Octávio Oliveira.

Garantiu que as tarifas vão voltar a ter os custos que já estavam definidos anteriormente e que ainda todos os direitos dos consumidores serão salvaguardados, principalmente os daqueles que já adquiriram o bilhete de viagem, de acordo com a nova tabela fixada unilateralmente pela TACV.

Embora a transportadora aérea ainda não tenha vindo a público para se pronunciar sobre este diferendo que a opõe à AAC, a TACV explicou, através de uma nota de imprensa, ter baixado, desde 14 de maio corrente, as tarifas domésticas até 25 porcento, "desde que o bilhete de passagem seja adquirido com pelo menos 15 dias de antecedência".

Para a TACV, a nova estrutura tarifária "foi desenvolvida para estimular e permitir às pessoas planificarem e viajarem mais, com a vantagem de beneficiarem de uma redução tarifária bastante significativa".

No entanto, Otávio Oliveira reforçou que se trata de um aumento de tarifas, uma vez que o máximo estabelecido pela agência nas passagens ida e volta é de 18.500 escudos (quase 164 euros) e agora são de 23 mil escudos (sensivelmente 209,04 euros).

A TACV anunciou ainda, no seu site oficial, uma nova franquia de bagagem nos voos domésticos, dos anteriores 20 quilos para 15 quilos, mas Otávio Oliveira esclareceu que, neste caso, a atuação da AAC "é limitada", já que depende da relação contratual entre a transportadora e o passageiro.

De qualquer forma, assegurou que a agência vai ver até aonde pode ir para defender os interesses dos consumidores, mas esclareceu que, se no bilhete de passagem, que é o contrato, estiver 20 quilos, a TACV não pode "de forma alguma" obrigar o passageiro a transportar apenas 15 quilos.