Maputo - Uma empresa italiana de aviação - Meridiana - vai começar a operar voos, a partir de 21 de dezembro, entre a cidade de Pemba, em Moçambique, e Milão, no norte de Itália, com um aparelho Boeing 767-200 (ER).

Actualmente, o aeroporto de Pemba recebe apenas voos domésticos provenientes das cidades moçambicanas da Beira (centro), Nampula (norte) e Maputo (sul), e voos internacionais com origem em Dar-es-Salaam (Tanzânia ), Joanesburgo (África do Sul) e Nairobi (Quénia).

No entanto, os voos da Meridiana serão os primeiros de um país europeu a escalarem aquela cidade nortenha moçambicana.

Esta não é a primeira vez que uma empresa italiana da aeronáutica manifesta o desejo de voar para o espaço moçambicano.

Em 2012, a empresa Air Italy, comprada em Outubro de 2011 pela Meridiana, cuja marca desapareceu em Março de 2013, havia anunciado um plano semelhante, que foi abandonado quando a Renamo, maior partido de oposição, ameaçou fazer regressar Moçambique à guerra.

Segundo o jornal, o interesse de voar para Moçambique, precisamente Pemba, prende-se com as descobertas de petróleo e gás na bacia do Rovuma. A italiana de petróleos Eni é uma das multinacionais presentes na região. AIM

Praia - O presidente da Câmara Municipal da Praia, capital de Cabo Verde, disse, quarta-feira,  esperar que as autoridades procedam à desocupação do ilhéu de Santa Maria, invadido por um movimento social que visa impedir a construção no local daquele que é tido como o maior  empreendimento turístico no arquipélago.

Falando à Rádio de Cabo Verde (RCV), a partir de Dakar (Senegal), onde se encontra a participar num encontro regional sobre o poder local em África, Ulisses Correia e Silva disse que se está perante uma situação "extremamente negativa" para o país, pelo que, segundo ele, a autoridade do Estado tem que ser exercida.

"Era o que o faltava, as pessoas fazerem ocupação de espaços públicos e espaços que pertencem ao património e a toda a comunidade do país", salientou.

Cerca de 40 membros do chamado movimento "Korrenti di Ativista" estão acampados, desde segunda-feira, 03, no ilhéu de Santa Maria, para protestar contra a construção do empreendimento em causa por considerarem que o mesmo irá servir, sobretudo, para fazer de Cabo Verde um país de "lavagem de capitais, prostituição e turismo sexual".

"Não está demonstrado, nem é intenção criar ali nenhum fenómeno de turismo sexual ou de turismo de droga ou de jogos que possam levar a situações de crime para o país. Essa é percepção criada por essa gente que está a fazer esse movimento. Eu acho que nós não devemos criar quadros no nosso país que afugentem os investidores", sublinhou.

Ulisses Correia e Silva, que é também o líder do Movimento para a Democracia (MpD), principal partido da oposição em Cabo Verde, disse acreditar  que esses "ativistas" não conhecem o projeto e estão a criar estigmas para poder justificar as suas posições.

"Nós sempre nos posicionamos favoráveis a investimentos que possam trazer para Cabo Verde e para Cidade da Praia a criação de riquezas, crescimento económico, emprego e rendimento, que é o que o país precisa, acautelando todos os aspetos que são de acautelar", realçou o edil que vai ser candidato a primeiro-ministro de Cabo Verde nas eleições legislativas que terão lugar no arquipélago no primeiro trimestre de 2016.

Trata-se de um projeto do empresário chinês David Chaw, da região de Macau, para a construção dum resort turístico e hotel-casino, na capital cabo-verdiana, avaliado em cerca de 250 milhões de dólares americanos.

O projeto prevê a construção de uma estância turística no ilhéu de Santa Maria e na zona da Praia da Gamboa, na capital cabo-verdiana, numa área de 152 mil e 700 metros quadrados, inaugurando assim a indústria de jogos em Cabo Verde.

Inclui também a construção de um hotel-casino a instalar no ilhéu de Santa Maria, uma marina, uma zona pedonal com comércio e restaurantes, um centro de congressos, infraestruturas hoteleiras e residenciais na zona da Praia da Gamboa e uma zona de estacionamento.

Nos termos do contrato assinado entre o Governo e a Legend Development Company, de David Chaw, a concessão será de 75 anos prorrogáveis por mais 30 e prevê ainda a construção de um hotel na ilha do Maio e um museu dedicado ao período da escravatura.

Segundo David Chaw, o projeto deve arrancar ainda este ano para estar pronto dentro de três anos.

Praia - Um grupo denominado movimento "Korrenti di Ativista" (Corrente Ativista) anunciou segunda-feira, na cidade da Praia, uma "revolta civil" para impedir a construção de um empreendimento turístico e imobiliário no ilhéu de Santa Maria, na capital cabo-verdiana.

Em conferência de imprensa na Praia da Gamboa, defronte ao ilhéu de Santa Maria, o porta-voz do movimento, João Monteiro, disse que é preciso que os cabo-verdianos saibam que o empreendimento do empresário macaense David Chow vai passar a ser uma espécie de "colónia chinesa".

"O casino vai ser um espaço de jogos/batota, dos vícios dos milionários e pequenos ricos, de prostituição, lavagem de capital, tráfico de droga, turismo sexual, por isso não podemos deixar que o imperialismo e capitalismo domine a mente dos cabo-verdianos", disse, afirmando que "vamos proteger o nosso património natural com a nossa arma de guerra que é o ativismo social, a revolução, porque estamos preparados até para uma revolta civil".

Segundo o activista social, a infraestrutura, além de causar o desaparecimento de espécies raras do local e degradar totalmente o ambiente, vai "impedir as pessoas da classe mais desfavorecida de desfrutarem do lazer e de uma visão ecológica do espaço", assim como os pescadores e peixeiras deixarão de trabalhar nesta área.

No seu entender, Cabo Verde precisa de grandes investimentos na área de mobilização de mais água para agricultura e a pesca e na promoção do desenvolvimento local e comunitário, em vez do casino a ser construído num "património público" que "não pode" ser vendido para servir de "caprichos aos dois maiores partidos que resolveram novamente unir-se quando é o dinheiro sujo que está em jogo".

"Queremos que o ilhéu fique como está, ou seja, um espaço onde as pessoas vão aliviar o stress e divertir-se", disse João Monteiro, avançando que com esta "ocupação" do ilhéu de Santa Maria espera ter mais pessoas a "lutar" pela causa e juntar aos cerca das 20 que já estão neste momento no terreno a reivindicar.

No passado dia 25 de julho, David Chow esteve em Cabo Verde para apresentar o projeto da construção do empreendimento turístico e imobiliário na baía da Cidade da Praia, que inclui o ilhéu Santa Maria e a Praia da Gamboa, que arranca este ano e que deverá estar pronto em três anos.

Considerado o maior empreendimento turístico em Cabo Verde, este projeto de investimento direto estrangeiro, orçado em US$ 250 milhões de dólares, inclui um hotel-casino, uma marina, um centro de congressos, infraestruturas hoteleiras e residenciais na zona da praia da Gamboa e de Chã de Areia e um parque de estacionamento automóvel.

O empreendimento, que cobrirá uma área de 152.700 metros quadrados, e que vai inaugurar a indústria de jogo no arquipélago, deve criar mais de mil postos de trabalho, o que, segundo as autoridades, permitirá ao país debelar, em parte, a situação do desemprego, ao mesmo tempo que irá trazer outras vantagens para o mercado turístico cabo-verdiano.

Tanto o Governo central, suportado pelo Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), como a Câmara Municipal da Praia, presidida por Ulisses Correia e Silva, líder do Movimento para a Democracia (MpD), principal partido da oposição, apoiam a realização do projeto que irá ter um impacto significativo na situação sócio-económica da capital cabo-verdiana e do arquipélago em geral. Panapress