Abidjan - A companhia aérea Corsair International anunciou a retomada da ligação aérea Paris (França)-Abidjan em voo direto a partir de 13 de junho próximo, segundo um comunicado citado pela agência Panapress.

Esta ligação, que terá uma frequência de quatro voos por semana, será garantida a partir do aeroporto parisiense de Orly, indicou a Corsair International.

O seu Presidente-Diretor-Geral, Pascal de Izaguirrre, congratulou-se com a qualidade das relações mantidas entre as altas autoridades da Costa do Marfim e a Corsair,  que "nos permitiram trabalhar de maneira construtiva para um regresso perene, por ambição comum, com o desenvolvimento da economia".

A Corsair Internacional iniciou a sua linha aérea da Costa do Margim em 2013, tendo transportado, de 2013 a 2015, mais de 160 mil passageiros, incluindo 70 mil a partir da Costa do Marfim e 90 mil a partir da França.

A Corsair International anunciou, em setembro de 2015, a suspensão da rota Paris-Abidjan de 24 de outubro de 2015 a 13 de junho de 2016, devido a maus resultados económicos registados na exploração desta ligação.

Praia - Uma parcela de 14% das 104 agências de viagens inspecionadas em Cabo Verde está em situação de incumprimento, sobretudo no que diz respeito à qualificação dos recursos humanos e ao licenciamento, segundo a agência Panapress.

Esta revelação foi feita por uma primeira fiscalização, realizada entre fevereiro e março últimos, pela Autoridade Turística Central (ATC) cabo-verdiana, criada no início do ano de 2016 pelo Governo para fiscalizar e garantir mais qualidade ao turismo.

Segundo a diretora da ATC, Gil Évora, a fiscalização permitiu constatar que "há também processos de licenciamento não atualizados e que as agências de viagem terão obrigatoriamente de atualizar para prosseguirem as suas atividades".

Ela deu, para o efeito, às operadoras 30 dias para regularizarem a sua situação.

O estudo concluiu também que as agências de viagens de Cabo Verde apostam maioritariamente na venda de bilhetes e descuram a promoção do turismo, sendo que cerca de 90% apostam apenas no agenciamento (venda de bilhetes) e apenas 10% promovem o setor.

"Achamos que deverá haver uma aposta mais clara no setor turístico, nos circuitos turísticos, nos guias turísticos, nos animadores, etc", anotou.

Por sua vez, as agências de viagens de Cabo Verde apontaram, durante a fiscalização da ATC, como constrangimentos, a enorme carga fiscal, a insuficiência de ligações de transporte, a sua proximidade territorial, insuficiência de camas e a concorrência desleal, entre outros.

Em declarações a jornalistas na sequência da apresentação do estudo, a presidente da Associação das Agências de Viagens e Turismo de Cabo Verde (AVT), Maria Teresa Graça, disse que as questões constatadas pela ATC já tinham sido identificadas pela AVT, que também sentia que "o mercado estava desregulado".

Por isso, ela entende que a fiscalização da autoridade central é um "fator de motivação" para todos os operadores estarem conscientes de que é preciso legalizarem a sua situação para poderem operar melhor enquanto operadores económicos que empregam 359 pessoas a nível nacional.

"Acreditamos que a partir deste momento vai haver um acompanhamento das agências de viagens, com regularidade, para que todas possam operar na normalidade no mercado", afirmou a presidente da associação, que conta cerca de 30 membros.

Refereindo-se ao facto das mesmas apostarem mais no agenciamento, em detrimento do turismo, Maria Teresa Graça disse que isso tem a ver com os mercados emissores, dominados por operadores estrangeiros.

Ela considera que é preciso mudar a forma de promover o destino turístico de Cabo Verde.

Segundo os resultados da primeira Conta Satélite do Turismo em Cabo Verde, de 2011 a 2014, apresentados em setembro último pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o turismo é o setor que mais contribuiu para a economia cabo-verdiana.

Rio de Janeiro - Caminhar pela região batizada pelo músico e artista plástico Heitor dos Prazeres como Pequena África, no Rio de Janeiro, é se deparar com referências à chegada de africanos escravizados e à contribuição de seus descendentes para a cultura do país.

Para facilitar a identificação desses marcos, está disponível um aplicativo para telefones celulares com informações sobre 18 pontos, resultado do projeto Passados Presentes – Memória da Escravidão no Brasil. Em forma de roteiro turístico, os locais mapeados estão marcados com ícones e imagens no aplicativo que traz informações históricas e pode ser baixado gratuitamente (disponível para Android).

O primeiro dos 18 pontos é o Mercado de Escravos da Prainha. É ali que ficava o barracão com africanos traficados e disponíveis para compra, no período colonial, retratado em pinturas do artista alemão Johann Moritz Rugendas. Próximo, estão o Cais do Valongo, principal porto de desembarque de pessoas escravizadas, recuperado após obras de revitalização na região, e o Cemitério dos Pretos Novos, onde foram enterrados, uns sob os outros, cerca de 50 mil corpos, incluindo crianças e adolescentes, que morreram no tráfico transatlântico.

Possível de ser identificado também por meio de um código QR, em placas, em alguns desses pontos, também está no roteiro cultural à comunidade quilombola Pedra do Sal, de 25 famílias, que ocupa antigos casarões e é pouco notada pelos frequentadores das noitadas no local. Ummonumento histórico religioso, outro símbolo da Pequena África, a Pedra do Sal lota às segundas-feiras para tradicionais rodas de samba, herança dos estivadores que, décadas atrás, depois de escoar o sal de navios, usado como moeda de troca, se reuniam ali para tocar.

Todos esses três pontos, juntos, integram o complexo do Cais do Valongo, candidato a Patrimônio da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), lembra Damião Braga, uma das lideranças do quilombo.

"Esse projeto vai ajudar a dar mais importância a essa região e a reconhecer, com a regularização fundiária, o quilombo", cobrou.

Damião acompanhou ontem (2) o lançamento do roteiro da Pequena África, no Museu de Arte do Rio. Depois do lançamento, dezenas de pessoas percorreram os pontos turísticos da região.

Elaborado por meio de um edital da Petrobras para preservação do patrimônio imaterial, o aplicativo ajuda a conhecer a história e a refletir sobre o racismo estrutural em nossa sociedade, explica uma das coordenadoras-gerais do projeto Hebe Mattos.

"Não é possível entender o Brasil sem compreender o genocídio que foi a escravidão, nem sem saber da riqueza da transformação cultural que os imigrantes africanos proporcionaram ao país. Quem não conhece as duas coisas não conhece o Brasil", afirma a professora de história da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Ao se deixar ser guiado pelo roteiro traçado pelo aplicativo, turistas e curiosos poderão ainda se deparar com referências recentes. Entre elas, uma das principais obras do engenheiro e abolicionista negro André Rebouças, o gigantesco Armazém Docas Pedro II; a casa onde pesquisadores acreditam ter nascido o escritor negro Machado de Assis – um dos mais importantes do país – e as sedes de associações de trabalhadores, majoritariamente negros, que lutaram pelo funcionamento de suas casas de dança e religiosas, reprimido no século 20.

O roteiro da Pequena África, criado pelo projeto Passados Presentes, pode durar mais que uma manhã ou uma tarde inteira e deve ser percorrido todo a pé. O trajeto termina no Centro Cultural José Bonifácio, onde funciona o Centro de Referência da Cultura Afro-Brasileira.

Quem não se contentar com os 18 pontos pode acionar a opção "Perto de Mim", que traz mais 58 referências, como um dos mais novos pontos turísticos, o Morro da Conceição.

O projeto Passados Presentes também tem roteiros traçados com as comunidades no Quilombo de Bracuí, em Angra dos Reis, na Região dos Lagos; no Quilombo de São José, em Valença, e sobre o jongo na cidade de Pinheiral, ambas no interior do estado do Rio.