Praia - Uma parcela de 14% das 104 agências de viagens inspecionadas em Cabo Verde está em situação de incumprimento, sobretudo no que diz respeito à qualificação dos recursos humanos e ao licenciamento, segundo a agência Panapress.

Esta revelação foi feita por uma primeira fiscalização, realizada entre fevereiro e março últimos, pela Autoridade Turística Central (ATC) cabo-verdiana, criada no início do ano de 2016 pelo Governo para fiscalizar e garantir mais qualidade ao turismo.

Segundo a diretora da ATC, Gil Évora, a fiscalização permitiu constatar que "há também processos de licenciamento não atualizados e que as agências de viagem terão obrigatoriamente de atualizar para prosseguirem as suas atividades".

Ela deu, para o efeito, às operadoras 30 dias para regularizarem a sua situação.

O estudo concluiu também que as agências de viagens de Cabo Verde apostam maioritariamente na venda de bilhetes e descuram a promoção do turismo, sendo que cerca de 90% apostam apenas no agenciamento (venda de bilhetes) e apenas 10% promovem o setor.

"Achamos que deverá haver uma aposta mais clara no setor turístico, nos circuitos turísticos, nos guias turísticos, nos animadores, etc", anotou.

Por sua vez, as agências de viagens de Cabo Verde apontaram, durante a fiscalização da ATC, como constrangimentos, a enorme carga fiscal, a insuficiência de ligações de transporte, a sua proximidade territorial, insuficiência de camas e a concorrência desleal, entre outros.

Em declarações a jornalistas na sequência da apresentação do estudo, a presidente da Associação das Agências de Viagens e Turismo de Cabo Verde (AVT), Maria Teresa Graça, disse que as questões constatadas pela ATC já tinham sido identificadas pela AVT, que também sentia que "o mercado estava desregulado".

Por isso, ela entende que a fiscalização da autoridade central é um "fator de motivação" para todos os operadores estarem conscientes de que é preciso legalizarem a sua situação para poderem operar melhor enquanto operadores económicos que empregam 359 pessoas a nível nacional.

"Acreditamos que a partir deste momento vai haver um acompanhamento das agências de viagens, com regularidade, para que todas possam operar na normalidade no mercado", afirmou a presidente da associação, que conta cerca de 30 membros.

Refereindo-se ao facto das mesmas apostarem mais no agenciamento, em detrimento do turismo, Maria Teresa Graça disse que isso tem a ver com os mercados emissores, dominados por operadores estrangeiros.

Ela considera que é preciso mudar a forma de promover o destino turístico de Cabo Verde.

Segundo os resultados da primeira Conta Satélite do Turismo em Cabo Verde, de 2011 a 2014, apresentados em setembro último pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o turismo é o setor que mais contribuiu para a economia cabo-verdiana.