Brasília - A companhia aérea brasileira Azul, do empresário norte-americano David Neeleman, sócio do consórcio Gateway que adquiriu em finais de novembro a portuguesa TAP, pretende iniciar a 4 de maio voos diretos entre Campinas, no estado de São Paulo, e Lisboa, três vezes por semana, foi anunciado nesta quinta-feira (21).

Caso as autoridades aeronáuticas do Brasil e de Portugal aprovem a operação, a Azul será a primeira empresa brasileira a realizar voos diretos para Lisboa nos últimos dez anos. A última companhia brasileira a operar rota direta do Brasil para Portugal foi a TAM.

A operação será feita com equipamento próprio da companhia - Airbus A330 - e em sistema de codeshare com a TAP. A Azul tem em Campinas o seu principal centro de distribuição de voos, com mais de 170 decolagens diárias para cerca de 60 destinos domésticos, além de voos para Miami e Orlando, nos Estados Unidos,  e Caiena, na Guiana Francesa.

"Estudamos constantemente nossa malha de voos e identificamos essa oportunidade pela grande conectividade no Brasil e na Europa. Vamos oferecer voos muito convenientes a partir de várias cidades brasileiras com conexão em São Paulo (Campinas), assim como ligações para várias regiões da Europa por meio de nosso acordo de codeshare com a TAP", anunciou a companhia.

Na última quarta-feira, o governo português admitiu a possibilidade de partilhar a gestão da transportadora aérea TAP com o consórcio Gateway, dos empresários Humberto Pedrosa, do grupo português de transportes rodoviários Barraqueiro, e David Neeleman, controlador da companhia aérea brasileira Azul, após a recuperação da maioria do capital para o Estado.

A disponibilidade para essa solução foi manifestada pelo ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, à comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas da Assembleia da República.

"O Estado considera importante a presença de um parceiro privado [no capital da TAP], que contribua para a capitalização e gestão da empresa" e "a possibilidade de partilhar a gestão com o consórcio [Gateway], como aconteceu nos últimos anos, em que o Estado não interferiu na gestão", disse o ministro, citado pela agência Lusa.

Na semana passada, o empresário David Neeleman defendeu, em Lisboa, que "a gestão é o mais importante" na TAP, desvalorizando a questão da titularidade da maioria do capital na companhia aérea, que poderá voltar para as mãos do Estado.

"A gestão é o mais importante. Se podes tomar decisões é a coisa mais importante. Já disseram [os membros do Governo com quem se tem vindo a reunir] que estão felizes com o que trouxemos à TAP", declarou então o empresário do consórcio que detém 61% do capital do grupo TAP, na sequência de processo de privatização concluído pelo anterior governo, do ex-primeiro ministro Passos Coelho, em novembro de 2015, em vésperas das eleições legislativas que levaram à mudança de governo em Portugal.