Brasília - Entidades do turismo brasileiro consideram que a alta do dólar face ao real pode favorecer o turismo doméstico, mas argumentam que os custos para operar impedem barateamento dos pacotes, e que não há divulgação suficiente do Brasil no exterior.
No primeiro trimestre deste ano, a cotação do dólar encostou em R$ 3,30. Do fim de março para cá, a moeda devolveu parte da alta, mas permanece cotada perto de R$ 3. O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, Enrico Fermi, afirma que a maior procura por destinos nacionais foi registrada em dezembro de 2014 e nos três primeiros meses deste ano.
"Há tendência de migrarem para o turismo interno. Nossa taxa de ocupação cresceu. Na cidade de Natal, tivemos aumento de 14% na ocupação em relação a outros anos", exemplifica. Ele ressalta que a valorização do dólar torna o Brasil mais atraente para o turista estrangeiro. "O poder de compra dele aumenta. Mas a carga tributária alta impede que o Brasil ofereça preços mais baratos. Hoje, o Caribe tem os melhores preços [para estrangeiros]", informou.
O vice-presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagem de São Paulo (Abav-SP), Edmar Bull, acredita que o dólar mais alto será positivo para o turismo doméstico este ano. Ele destaca que a modalidade será impulsionada, ainda, pelo grande número de feriados curtos. "Isso ajuda muito os destinos domésticos", frisa.
Na Abav nacional, a expectativa é que as viagens internacionais dos brasileiros fiquem estáveis e as viagens internas cresçam 5% em 2015 em relação a 2014. Na avaliação de Leonel Rossi, vice-presidente de Relações Internacionais da entidade, o crescimento do movimento doméstico não deve ocorrer isoladamente em função do dólar mais caro. Segundo Rossi, tanto o turismo interno quanto o internacional têm muita margem para crescer.
"São 7 milhões de turistas internacionais e 45 milhões de turistas domésticos por ano, em uma população de mais de 200 milhões de pessoas. As duas [modalidades de turismo] estarão sempre crescendo. Nos últimos três anos, 13 companhias aéreas internacionais vieram para o Brasil. O crescimento do turismo é irreversível", diz ele, que defende mais investimentos para o setor.
"O dinheiro que temos para promover o Brasil no exterior é pouco. Após a Copa do Mundo devíamos ter aproveitado para fazer um marketing pesado, mas não houve verba para isso. Agora, o dólar mais alto facilitou que o turista estrangeiro venha para cá, mas tem que mostrar o Brasil para o mundo", comenta.
Dados do Banco Central mostram que, no primeiro trimestre de 2015, os gastos de estrangeiros no Brasil cresceram 2,81%, de US$ 533 milhões para US$ 548 milhões. Para Leonel Rossi, o crescimento é pequeno, ficando aquém do potencial do país como destino turístico. Agência Brasil