Nova York - A Organização Internacional da Aviação Civil (Icao) acaba de adotar um novo padrão para emissões de dióxido de carbono, CO2. O objetivo é reduzir os impactos no clima global das emissões de gases de efeito estufa geradas pelos aviões.

Este é o primeiro padrão de certificação global sobre emissões de CO2 do setor industrial. A novidade será aplicada para novos designs de jatos e aviões planejados a partir de 2020 e para aparelhos que já estarão em produção a partir de 2023.

As aeronaves que não estiverem no novo padrão até 2028 não poderão ser produzidas, a não ser que seus designs sejam modificados de acordo com as novas regras.

O presidente do Conselho da Icao, Olumuyiwa Aliu, afirma que "mais uma vez, a aviação civil internacional tomou uma decisão pioneira para diminuir os impactos do setor no clima global".

O representante avalia que esta é mais uma prova "da liderança do setor para garantir o futuro sustentável da aviação".

Já o secretário-geral da Icao, Fang Liu, acredita que a decisão "histórica coloca o setor de transportes aéreos numa boa posição para um futuro mais verde".

São Tomé - A ilha do Príncipe, do arquipélago de São Tomé e Príncipe, no golfo da Guiné, é hoje um balão de ensaio de desenvolvimento sustentável num projeto de uma multinacional tecnológica que quer conciliar naquele território a preservação da natureza virgem e a exploração turística.

"É uma ilha que o tempo quase esqueceu, com um ar pré-histórico e nuvens espessas sobre a floresta, com a selva junto ao mar. Uma ilha notável no meio do oceano", disse, em entrevista à agência Lusa, Buster Howes, administrador da Here Be Dragons (HBD), do multimilionário sul-africano Mark Shuttleworth, um empreendedor digital que se apaixonou pelo território de São Tomé e Príncipe.

"As pessoas são benignas, genuínas e com sorrisos abertos", afirmou o ex-general britânico na reserva, que se encantou pelas "naturais qualidades da ilha, com praias desertas e um oceano azul".

Apesar dos investimentos locais, como a construção de um novo aeroporto internacional ou arranjos de estradas e equipamentos, 65% da população trabalha em agricultura de subsistência, num quadro económico muito frágil: "Quando aterramos, verifica-se o mau estado das infraestruturas", com "prédios decrépitos" e estradas esburacadas.

Desde que se instalou no terreno, a HBD começou a contratar pessoas para fazerem trabalhos tão simples como "seguranças numa ilha onde não há roubos", mais para "ajudar à sustentabilidade económica" do que para outra coisa.

"Desde 1975, a ilha foi preservada em suspensão animada. Continua um sítio lindo. E as pessoas reconhecem a vantagem do ambiente natural em que vivem", disse o empresário, apontando a força icónica das florestas virgens junto a praias paradisíacas, como um "postal de um filme".

Um total de "53% da ilha é um parque natural, mas tem de existir retorno económico dessa preservação", sob pena de começarem as pressões para a degradação ambiental em busca do lucro fácil. "O que fizermos não pode causar danos no ambiente: o turismo tem de ser ambientalmente sustentável", defende.

O Príncipe, continuou Buster Howes, "tem um potencial de história para ser um destino para o turismo global mas é necessário evoluir para um tipo de destino maduro que não seja, de modo algum, estragado".

Por isso, a HBD aposta na recuperação de quintas antigas, roças do tempo colonial, preservando o ecoturismo sustentável. "Queremos importar menos e estamos a investir na agricultura" e transformar este setor numa alavanca económica da ilha, disse.

"Estamos no processo de plantar duas mil árvores ilangue-ilangue e já temos compradores para os óleos de lã e de côco" e "vamos produzir vários chocolates", estando ainda prevista a construção de 25 colmeias, porque "não há mel doméstico nem aqui nem em São Tomé", exemplificou.

"Não somos um governo-sombra, trabalhamos sempre com o presidente José Cassandra [do Governo Regional] e contamos com os eleitos desta pequena ilha para garantir a legitimidade das nossas ações", disse.

A empresa tem comprado milhares de hectares na ilha "mais para preservar do que para construir", procurando retirar os apetites imobiliários de alguns pontos.

No entanto, "essa área está disponível para o uso das pessoas", explicou, salientando que a maior parte do território é floresta autóctone.

"Há o risco de termos rapidamente uma corrida" de promotores turísticos ou o aparecimento de "uma empresa de capital de risco da Nigéria que investe em turismo de massas", reconheceu o administrador. Por isso, a HBD tentou "comprar os melhores lugares turísticos na costa para impedir a especulação turística".

"Iremos fazer algo para gerar emprego mas não temos ainda certeza do que iremos fazer. Queremos, para já, comprar para preservar", disse, temendo o apetite de outros tubarões turísticos: "Se há uma corrida ao cimento farão dinheiro por algum tempo mas não o farão por muito tempo e será uma tragédia" porque o "Príncipe vai perder aquilo que é o segredo do seu sucesso".

Praia - O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, afirmou que o Governo está interessado em fazer com que Tarrafal de Santiago tenha o seu impulso a nível de desenvolvimento turístico.

O chefe do Governo fez esta afirmação, durante a sua visita oficial ao concelho do Tarrafal, onde steve reunido com o presidente da câmara municipal, José Pedro Soares, com empresários e com os deputados nacionais e municipais, no Salão Nobre da autarquia, para conhecer alguns projectos estruturantes para o concelho e para testemunhar a assinatura de dois protocolos.

Segundo Ulisses Correia e Silva, esta visita enquadra-se num conjunto de visitas que vão fazer em vários pontos do país, mas a intenção é de não voltar a ver e a ouvir os problemas que existem nesses municípios, como o problema da pobreza, do desemprego e de dificuldades de vida, mas vê-los com um outro olhar.

"Sabendo que os problemas existem, mas ir com soluções concertadas, criar condições de boas parcerias quer a nível do Governo e das câmaras municipais e quer a nível dos privados para dar-nos um sinal muito claro para ultrapassarmos esses problemas", precisou.

Depois de conhecer os problemas e os projectos turísticos para o concelho do Tarrafal, o chefe do Governo disse que não vão poder resolver todos, mas vão priorizar soluções para serem concretizados.

Uma das prioridades está relacionada com a intenção do grupo Oásis Atlântico e a Câmara Municipal do Tarrafal em transformar a aldeia turística do Tarrafal num hotel, por isso o Governo está interessada em criar as condições para que este investimento seja concretizado.

"Estamos fortemente interessados em fazer acontecer e operacionalizar o conceito de fundo de investimento imobiliário, que acho exequível, onde pode haver participação do Estado com terrenos das ZDTI e a participação do município com o terreno activo", assegurou.

De acordo com Ulisses Correia e Silva existem vários projectos em "pipeline" neste concelho, entretanto o Governo vai fazer o possível para criar as condições para a implementação de alguns, como é o caso do complexo de Chã de Baixo Resort.

Informou que o plano detalhado de Chã de Baixo Resort, segundo informações da ministra das Infraestruturas, vai ser rectificado na próxima semana, portanto estarão criadas as condições para que se possa iniciar e desenvolver esse investimento.

No que concerne ao Campo de Concentração do Tarrafal, Ulisses Correia e Silva assegurou que através desta visita vão dar um impulso para que este seja classificado como património mundial da humanidade.

"Temos que criar valor. Não são coisas que só têm que constar como histórias, essas histórias têm que render em termos de benefícios para o país, assim como acontece em todas as partes do mundo com museus, monumentos que não são peças mortas, mas sim têm vida. Portanto, estamos interessados em fazer isso e dar este impulso", sublinhou.

Fez saber que durante essas visitas vão celebrar um conjunto de protocolos de cedência de edifícios públicos para o município, para que sejam criadas condições para uso e fins sociais, de formação e fins económicos.