Praia - A maioria dos hotéis na ilha do Sal, em Cabo Verde, registam uma taxa de ocupação de 80 por cento, porém alguns operadores económicos consideram que os turistas que vêm para a ilha têm "cada vez menor" poder de compra.
Não obstante as "boas" perspectivas a nível do turismo e a movimentação de turistas na ilha do Sal até o mês de Abril de 2016, alguns operadores económicos da área de hotelaria como de restauração queixam-se do fraco poder de compra dos turistas, informa a Inforpress.
Segundo os operadores económicos, os turistas "reclamam dos preços, achando tudo caro, dividem um refrigerante Coca-Cola (... )" querendo 'coisas boas' como vinho de qualidade, champanhe, lagosta e outros mariscos a baixo preço.
António Sousa Lobo, também conhecido por Patone, dono do Hotel Odjo D'Agua, confirma a situação, mas vai mais longe ao acrescentar que os turistas "pedem até uma sandes para duas pessoas".
Segundo Patone, a qualidade do turista que procura o Sal enquanto destino "está a baixar" de ano para ano. A maioria dos turistas que visitam a Ilha do Sal são oriundos de países do norte da Europa, Reino Unido e Portugal.
"Isto está a acontecer porque a qualidade de Cabo Verde enquanto destino turístico está também a piorar de ano para ano", disse, descrevendo várias situações, desde sacos de plástico, papel, cães vadios, por tudo quanto é lado, fraca iluminação pública, com a pedonal "cheia de feias" e barracas, entre vários outros aspectos que "em nada abonam" uma cidade turística.
"É um problema, por exemplo, mais de 80 por cento das lâmpadas em Santa Maria não acendem, metade das da Avenida dos Hotéis também não, como é que um turista pode sair do hotel para vir para o centro da cidade", questiona o hoteleiro, para quem a situação está "deplorável", carecendo, disse, de uma "melhor atenção" por parte do Governo de modo a atrair turistas com dinheiro, "com poder de compra".
Uma senhora, dona de um restaurante, também em Santa Maria, que entretanto não quis que seu nome fosse citado, queixa-se da mesma situação, anotando que dias há em que nem consegue facturar cinco mil escudos nas horas do almoço ou jantar, dado o fraco poder de compra dos turistas, por um lado, mas também devido ao sistema "all inclusive" (tudo incluído).
"Não interessa um turista que vem no sistema tudo incluído se não gastar nenhum tostão fora do hotel, em excursões, artesanato, ou outros entretenimentos e comidas diferentes (...) Acho que os turistas que cá vêm estão a deixar cada vez menos dinheiro nesta terra", observou em tom de lamento.